Ao celebrar seus 20 anos de história, a Rapha, icônica marca de vestuário e estilo de vida ciclístico, lança dois livros celebrativos: “The Extra Mile” e “Kings of Pain”.
Enquanto “The Extra Mile” foca na trajetória da empresa e na paixão do fundador Simon Mottram, “Kings of Pain” é uma homenagem à Era de Ouro do ciclismo, revisitanto personagens lendários, momentos históricos e a estética que definiu o esporte.
Inspirado pela exposição original de 2004, que deu nome à obra, este novo livro leva os leitores a uma jornada visual e narrativa do início do ciclismo competitivo até os anos 1990, com imagens marcantes, perfis detalhados e textos que celebram a dor, o sofrimento e a beleza do ciclismo clássico.
- Compre o livro no site da Rapha: £45.00
➥ Origens e inspiração de Kings of Pain
Em “The Extra Mile”, Simon Mottram compartilha sua fascinação pela elegância e pela brutalidade do ciclismo profissional, inspirada, em grande parte, pelo livro “An Intimate Portrait of the Tour de France: Masters and Slaves of the Road” (1997), de Philippe Brunel.
Essa obra-prima fotográfica capturou com perfeição a dualidade do ciclismo – um esporte marcado tanto pela graça quanto pela dor. “Kings of Pain” herda essa essência, oferecendo imagens de tirar o fôlego que capturam a exaustão, a fome e a luta épica dos ciclistas, mas também seu estilo e charme inconfundíveis fora das estradas.
➥ A estrutura do livro: um mergulho histórico no ciclismo
Dividido em quatro capítulos cronológicos, “Kings of Pain” faz uma viagem desde os primórdios do ciclismo competitivo até as décadas de 1980 e 1990, revelando a evolução do esporte através de seus protagonistas mais memoráveis.
Cada capítulo abre com uma introdução envolvente sobre a época e apresenta perfis de ciclistas lendários, os verdadeiros “Reis da Dor”.
1. A Era Primordial – Início do Ciclismo
Este capítulo cobre os primeiros dias do ciclismo, com figuras lendárias como Ottavio Bottechia, que dominou o Tour de France nos anos 1920. Aqui, vemos ciclistas que enfrentavam condições brutais, competindo com bicicletas pesadas em estradas de terra, movidos pela pura determinação de sobreviver e vencer.
2. Os anos 1940 e 1950 – Bartali, Coppi e a rivalidade italiana
Gino Bartali e Fausto Coppi são as figuras centrais deste período, protagonizando uma das maiores rivalidades da história do ciclismo. Bartali, herói silencioso e resiliente, contrasta com Coppi, o estiloso e carismático “Campeão dos Campeões”.
Como destaca Herbie Sykes, autor do livro, essa era foi marcada por um público fanático que devorava cada detalhe das competições, em uma época onde o ciclismo era mais do que um esporte: era uma forma de vida.
Outras lendas desse período incluem Raphaël Géminiani, Le Grand Fusil; Louison Bobet, o primeiro a vencer o Tour de France três vezes consecutivas; Federico Bahamontes, o Rei das Montanhas; e Hugo Koblet, o Pedalador de Charme, cuja história dramática é um dos pontos altos do livro.
3. Anos 1960 e 1970 – O auge dos campeões
Aqui encontramos nomes como Jacques Anquetil, mestre do contra-relógio, e Raymond Poulidor, o Eterno Segundo, cujas rivalidades marcaram gerações.
O livro também explora as contribuições de Rik Van Looy, o primeiro ciclista a vencer os cinco Monumentos do ciclismo, e Tom Simpson, cuja trágica morte no Mont Ventoux, em 1967, ecoa até hoje como um lembrete do custo humano do esporte. Eddy Merckx, conhecido como O Canibal, também é celebrado, assim como Italo Zilioli, uma estrela subestimada que brilhou no Tour de 1970.
4. Décadas de 1980 e 1990 – Sofrimento e triunfos modernos
O capítulo final traz figuras como Bernard Hinault, pedalando com mãos congeladas na Liège-Bastogne-Liège de 1980, Laurent Fignon, perdendo o Tour de 1989 por apenas 8 segundos para Greg LeMond, e Marco Pantani, o Pirata, cujo talento único e trágica morte simbolizam o auge e o declínio de uma era.
Há espaço também para histórias mais felizes, como a vitória improvável de Eros Poli no Mont Ventoux em 1994 e a carreira lendária de Sean Kelly, o Rei das Clássicas.
➥ A beleza e a dor do ciclismo – Um tesouro visual
Se há algo que torna “Kings of Pain” uma obra imprescindível é a combinação de imagens fantásticas e textos envolventes. As fotografias capturam os ciclistas em momentos de sofrimento árduo – com lama, suor e exaustão evidentes – mas também em instantes de pura elegância e charme.
Ciclistas sentados em quartos decadentes após uma etapa exaustiva, vestindo roupas civis com cabelos impecáveis, transmitem uma dualidade fascinante: a brutalidade da competição e a sofisticação do estilo.
Para os novos na história do ciclismo, o livro é uma introdução cativante e acessível. Para os veteranos, é uma homenagem emocionante às lendas que moldaram o esporte.
➥ Ficha técnica de Kings of Pain
- Autores: Guy Andrews, Isabel Best, Paul Fournel, Andy McGrath, Colin O’Brien, Marco Pastonesi e Herbie Sykes
- 240 páginas, capa dura, ricamente ilustrado
- Editora: Rapha Editions, Londres, 2024
- ISBN: 978-1-912164-17-2
Conclusão
Para os apaixonados pela história do ciclismo e pelos livros belamente produzidos, “Kings of Pain” é uma leitura obrigatória.
A obra captura a essência de um esporte que exige sofrimento e sacrifício, mas que também celebra a graça, a força e o estilo de seus protagonistas.
Mais do que um livro, “Kings of Pain” é um tributo visual e literário à grandiosidade do ciclismo clássico.
- 6 coisas que você precisa saber sobre Capacidade Anaeróbica
- Como o Zwift mudou a maneira como os ciclistas profissionais treinam
Se você está buscando mais tutoriais, o Ciclismo pelo Mundo está trazendo uma série de guias para que você possa aprender a realizar tarefas básicas de manutenção em bicicletas. Confira os outros guias disponíveis: