Nenhum aspecto da segurança no ciclismo é mais importante do que um capacete em pleno funcionamento – mas com que frequência você deve substituí-lo?
// Foto de Jonathan Borba //Nenhuma parte do seu equipamento de ciclismo é mais importante do que o capacete.
Ele é a última linha de defesa contra lesões graves na cabeça em caso de acidente e deve ser mantido em boas condições.
Infelizmente, não há uma resposta simples sobre se os capacetes de bicicleta expiram apenas com o passar do tempo.
A Fundação Snell Memorial recomenda substituir um capacete de bicicleta a cada cinco anos, enquanto a Comissão de Segurança de Produtos de Consumo (CPSC), órgão de teste do governo dos EUA, sugere substituí-los a cada cinco a dez anos.
Alguns fabricantes recomendam a substituição do capacete em apenas três anos.
No entanto, não há evidências concretas de que a espuma EPS dos capacetes de bicicleta se degrade de maneira significativa durante a vida útil humana. Testes realizados pela própria Fundação Snell em capacetes de motocicleta, após 20 anos em armazenamento, descobriram que eles ainda atendiam aos padrões modernos de segurança.
Contudo, isso não significa que o seu capacete de ciclismo não precise ser substituído periodicamente. O desgaste normal significa que um capacete usado regularmente envelhecerá de forma muito diferente de um mantido em armazenamento. Portanto, há muito mais a entender sobre quando um capacete de bicicleta "expira" e com que frequência você deve substituí-lo.
➥ Índice
- Os Capacetes de Bicicleta Expiram? As Diretrizes Oficiais de Segurança.
- Quando Você Deve Substituir um Capacete de Bicicleta?
- Conclusões – Os Capacetes de Bicicleta Expiram?
Os Capacetes de Bicicleta Expiram? As Diretrizes Oficiais de Segurança
A "1998 Augmentation To The 1990 Standard For Protective Headgear (For Use In Bicycling)" redigida pela Fundação Snell Memorial afirma:
"No momento, a Fundação recomenda que os capacetes de bicicleta sejam substituídos após cinco (5) anos, ou menos, se o fabricante assim recomendar."
No entanto, o mesmo documento padrão afirma que os materiais usados na construção dos capacetes devem ser duráveis e não se degradar devido a "extremos de temperatura" ou "exposição ao sol, chuva, poeira, vibração, suor ou produtos aplicados à pele ou ao cabelo."
// Foto de Markus Spiske //Helmets.org, uma organização sem fins lucrativos fundada em 1989 e composta por voluntários que participam do Comitê de Padrões de Capacetes da ASTM, é menos rigorosa em relação à substituição dos capacetes devido à degradação ao longo do tempo.
Os padrões europeus EN 1078, que regem os capacetes de bicicleta e também foram adotados pelo British Standards Institute (BSI), dizem ainda menos sobre degradação e validade.
Eles afirmam que "qualquer capacete que sofra um impacto severo precisa ser substituído, mesmo que os danos não sejam aparentes", mas não vão tão longe quanto os padrões mencionados da Snell em recomendar a substituição periódica do capacete.
A padronização dos capacetes indiscutivelmente os tornou mais seguros e deu ao consumidor mais confiança. No entanto, a falta de consistência sobre se os capacetes de bicicleta expiram deixa os ciclistas se perguntando com que frequência realmente precisam substituí-los.
Os fabricantes de capacetes recomendam substituir seu capacete a cada três a sete anos, com alguma variação entre marcas e modelos.
Dada a relativa falta de consenso entre as autoridades normativas, ciclistas céticos podem pensar que os fabricantes têm um incentivo para recomendar substituições mais frequentes, visando vender mais produtos.
Por outro lado, quando se trata de segurança contra lesões na cabeça, nunca se deve correr riscos. Por essa razão, recomendamos sempre seguir as orientações oficiais do fabricante quanto à data de validade do capacete, mesmo que pareçam excessivamente cautelosas.
Além disso, vale lembrar que, se você usar seu capacete fora das diretrizes oficiais do fabricante, é improvável que esteja coberto por qualquer garantia ou proteção legal.
Quando Você Deve Substituir um Capacete de Bicicleta?
// Foto de Pavel Danilyuk //➥ Após um Acidente
Capacetes de bicicleta são dispositivos de segurança de uso único, projetados para cumprir sua função apenas uma vez.
Mesmo que o dano pareça superficial, a espuma provavelmente foi comprometida. Ela é projetada para comprimir e absorver a energia do impacto a fim de proteger sua cabeça, mas só pode fazer isso uma vez.
Isso permanece verdadeiro mesmo se você não vir sinais visíveis de estresse no capacete ou sentir que sua cabeça não foi gravemente afetada pela queda.
// Foto de igovar igovar //Se o capacete cumpriu adequadamente sua função, há uma boa chance de você sentir que nada aconteceu. Na verdade, você pode nem perceber que bateu a cabeça devido à adrenalina de um acidente. Por isso, a regra de ouro é sempre substituir seu capacete após um acidente.
O mesmo se aplica se você deixar o capacete cair acidentalmente em uma superfície dura. Após qualquer impacto notável, o capacete deve ser substituído.
➥ Qualquer Rachadura ou Danos Causados pelo Sol na Camada de Plástico
Embora a espuma EPS não se degrade naturalmente apenas com o passar do tempo – pelo menos não dentro de uma vida humana – ela pode ser facilmente comprometida se a camada externa de plástico que a protege estiver danificada.
Verifique seu capacete regularmente para identificar pequenas rachaduras ou amassados na camada de plástico e substitua-o se encontrar qualquer dano.
A exposição prolongada à luz ultravioleta (UV) do sol também pode tornar a camada de plástico mais frágil. Se a cor parecer desbotada ou clareada, provavelmente é hora de substituir o capacete, pois há uma probabilidade maior de surgirem rachaduras quase invisíveis, que podem comprometer a espuma EPS subjacente.
Resumidamente, se houver qualquer sinal visível de dano – mesmo que pequeno – é hora de trocar o capacete.
➥ Os Sistemas de Retenção Estão Desgastados
Independente do sistema usado para prender o capacete, ele só pode protegê-lo eficazmente se permanecer firmemente no lugar.
// Foto de alexandre saraiva carniato //Um capacete que desliza na cabeça é praticamente inútil, então, se houver problemas nos fechos – como ajustadores de deslize quebrados que impedem o aperto, um sistema de disco desgastado que não trava corretamente ou uma tira de queixo que não fixa bem – é hora de substituí-lo.
➥ Quando o Fabricante Recomenda
Se você chegou ao final da data de validade indicada pelo fabricante e nenhum dos problemas acima ocorreu, ainda assim recomendamos substituir o capacete.
Muitos ciclistas argumentariam que não há necessidade e continuariam usando o capacete até encontrarem um motivo para trocá-lo. No entanto, nós sempre preferimos a cautela quando se trata de segurança da cabeça. Além disso, você provavelmente perderá quaisquer proteções legais ao usar o capacete fora das diretrizes do fabricante.
Também é importante considerar que um capacete que recebeu uso regular pode estar em condições muito diferentes de um armazenado pelo mesmo período.
Embora o tempo, por si só, possa não causar a expiração do capacete, o desgaste do uso diário pode eventualmente afetar a camada externa ou a espuma EPS interna. Por isso, o fim da vida útil recomendada pelo fabricante é um bom momento para a substituição, independentemente das condições visíveis.
➥ Qualquer Capacete dos Anos 1970 ou Anteriores
Se você possui um capacete antigo dos anos 1970 em boas condições, isso já é notável. Contudo, os especialistas da helmets.org são categóricos em afirmar que qualquer capacete dessa época deve ser substituído imediatamente.
// Foto de Ander Garcia //Naquela época, os capacetes geralmente utilizavam forros de isopor menos eficazes em comparação com os modernos forros de espuma de poliestireno expandido (EPS). Esses forros eram mais finos e frequentemente não tinham revestimentos internos, o que fazia com que se fragmentassem facilmente em um acidente – um perigo óbvio em casos de múltiplos impactos, como ser atingido por um carro e depois cair no asfalto duro.
Aproveite as Inovações em Capacetes
A tecnologia de capacetes está em constante evolução, embora grande parte desse avanço se concentre em benefícios de desempenho enquanto mantém os rigorosos padrões de segurança já mencionados.
// Foto de Kezia Rhesa Arman //Nos últimos anos, capacetes no pelotão profissional passaram de perfis alongados para perfis mais arredondados, com maior foco em concussões e cargas rotacionais durante acidentes.
Um dos exemplos mais marcantes dessa inovação é o desenvolvimento do MIPS (Proteção de Impacto Multi-Direcional). Presente nas principais marcas de capacetes, ele adiciona uma camada extra entre a espuma EPS e o revestimento interno, permitindo movimentos deslizantes significativos (10 a 15 mm em qualquer direção) e reduzindo a energia rotacional transferida ao cérebro em caso de impacto.
Essa tecnologia foi inspirada na forma como nossos cérebros são protegidos dentro do crânio.
Além disso, houve avanços constantes em conforto, ventilação, mecanismos de retenção e estética. Embora este último ponto pareça superficial, muitos ciclistas de estrada se preocupam profundamente com sua aparência na bicicleta. O capacete é tão parte da escolha de estilo quanto o uniforme e as meias combinando.
Se você gosta de como se sente e se parece com o capacete, é muito mais provável que o use – uma lição que aprendi ensinando meus filhos a andar de bicicleta e que é igualmente importante para adultos.
Conclusão – Os Capacetes de Bicicleta Expiram?
O engenheiro em mim confia em evidências e fatos concretos. Porém, neste debate, eles são escassos.
Então, os capacetes de bicicleta expiram?
Com base nas evidências, não há dados suficientes para afirmar de forma inequívoca.
O uso e o armazenamento do capacete provavelmente têm um impacto muito maior do que o tempo por si só. Um capacete usado intensamente por três anos provavelmente estará em pior condição do que outro que ficou armazenado por dez anos.
Entretanto, devido ao risco de lesões cerebrais, é sempre melhor errar pelo lado da precaução.
Sim, pode ser frustrante substituir um capacete que parece estar em boas condições antes de ser necessário. Contudo, a possibilidade de desgaste invisível – além de manter as proteções legais – torna essa troca justificável, em nossa opinião.
