Uma prova crucial na preparação para a Tour of Flanders: quem se destacará nas subidas de paralelepípedos da Bélgica?
Em 2025, Mathieu van der Poel chega com força máxima, impulsionado por sua segunda vitória consecutiva em Milão-Sanremo, enquanto Wout van Aert manteve perfil discreto, não competindo desde a Kuurne-Brussels-Kuurne no início de março.
Porém, a disputa não se resume apenas a esses dois, pois o campeão mundial Tadej Pogačar também marcará presença em Harelbeke nesta sexta-feira. O ciclista do UAE Team Emirates disputou a E3 Saxo Classic pela última vez há dois anos, quando terminou em terceiro antes de conquistar uma vitória histórica na Tour of Flanders uma semana depois.
Pogačar se destaca nas subidas curtas e íngremes da Bélgica e conta com um time forte, mas ainda não está claro se o percurso será desafiador o suficiente para prejudicar os puncheurs.
Percurso da E3 Saxo Classic
Com um percurso de 208,6 quilômetros, a prova conta com 17 subidas, a maioria concentrada na segunda metade da corrida. A maior delas é a La Houppe, com 1.880 metros de extensão, apresentando uma média de 4,8% de inclinação (com picos de 10%), enfrentada pelos ciclistas após 90 quilômetros.
A partir daí, o pelotão tem pouco tempo para se recuperar, já que subidas consagradas como a Hotondberg, o Paterberg e a Oude Kwaremont surgem uma após a outra. A última subida do dia é a Tiegemberg, que aparece com 20 quilômetros restantes – ela possui 750 metros de extensão, com inclinação média de 5,6% e máxima de 9%.
Uma reta plana e veloz até Harelbeke encerra a prova, onde se pode esperar que uma fuga ou um grupo extremamente seleto lute pela vitória. Quem sair vitorioso terá um alvo nas costas ao se aproximar das Flandres no domingo seguinte.
Candidatos
Mathieu van der Poel
O atual campeão, da Alpecin-Deceuninck, chega à E3 Saxo Classic como defensor do título e é, sem dúvida, o favorito para conquistar a vitória em Harelbeke. Em Milão-Sanremo, o holandês demonstrou sua força nas subidas, conseguindo neutralizar os ataques totais de Tadej Pogačar e ainda guardar energia para um sprint final devastador.
Além de ser habilidoso nos paralelepípedos – tendo inaugurado a temporada com uma vitória na Ename Samyn Classic – Van der Poel se adapta perfeitamente à natureza explosiva do terreno flamengo. Diferente de Pogačar, ele não precisa atacar de forma excessiva para despistar os velocistas, conseguindo se firmar num sprint reduzido enquanto seu time acompanha o desenrolar da prova.
Tadej Pogačar
Provavelmente o ciclista mais comentado do cenário profissional atualmente, Tadej Pogačar encanta os fãs ao encarar uma temporada completa nas Clássicas antes de focar na defesa de seu título no Tour de France ainda este ano.
Recentemente, venceu a Strade Bianche – mesmo após uma queda espetacular no meio da prova – e, no último fim de semana, brilhou em Milão-Sanremo na Cipressa. Contudo, apesar de seus esforços, Pogačar não conseguiu despistar seus rivais nas subidas italianas e, nas Flandres, onde as subidas são mais íngremes e frequentes, ele terá que dar o seu melhor.
O UAE Team Emirates desponta com um time impressionante, com nomes como Tim Wellens, Nils Politt e Jhonatan Narváez, que também disputam a vitória. Ainda assim, o campeão mundial deverá investir em ataques de longa distância para testar as pernas dos adversários, precisando chegar à linha de chegada sozinho ou num grupo muito reduzido para alcançar o pódio.
Wout van Aert
Wout van Aert e a Visma-Lease a Bike optaram por uma estratégia diferente para as Clássicas, afastando-se de corridas como a Strade Bianche e Milão-Sanremo após a Opening Weekend. Suas atuações na Omloop Het Nieuwsblad e na Kuurne-Brussels-Kuurne foram sólidas, mas seus repetidos ataques não renderam resultados expressivos – sua melhor marca foi o 11º lugar na Omloop. Contudo, Van Aert já venceu a E3 Saxo Classic em duas ocasiões e conhece o percurso das Flandres como poucos.
Em 2022, chegou à linha de chegada junto com seu então companheiro Christophe Laporte, e em 2023 superou Van der Poel e Pogačar num sprint para conquistar sua segunda vitória consecutiva. Se ele conseguir replicar a forma de 2023, deverá ser capaz de acompanhar os inevitáveis ataques de Pogačar nas subidas curtas e íngremes.
Mesmo tendo enfrentado dificuldades para retomar sua melhor forma após um grave acidente em Dwars door Vlaanderen, o suporte de um time forte – com nomes como Christophe Laporte, Tiesj Benoot, Dylan van Baarle e Matteo Jorgenson – promete uma grande disputa entre a Visma-Lease a Bike e o UAE Team Emirates.
Mads Pedersen
Para Mads Pedersen, a E3 Saxo Classic será a primeira Clássica belga da temporada 2025. A Lidl-Trek direcionou o dinamarquês para corridas de etapas como o Tour de la Provence e o Paris-Nice, deixando-o de fora da Opening Weekend. Ainda assim, Pedersen já somou duas vitórias em 2025, vencendo a classificação geral na Provence e uma etapa do Paris-Nice – além de ter conquistado a classificação por pontos.
Em Sanremo, ele provou que sua forma não foi prejudicada pela ausência das grandes corridas de um dia, alcançando um respeitável sétimo lugar. Apesar de suas habilidades como velocista, os 29 anos de Pedersen serão testados nas exigentes subidas das Flandres, especialmente diante dos ataques de Pogačar.
Caso não consiga acompanhar de imediato os ciclistas mais leves, ele esperará que a prova se reagrupe na reta final ou que os líderes não cooperem após as subidas. Seus companheiros da Lidl-Trek – incluindo Jasper Stuyven e Toms Skujiņš – serão essenciais para manter a distância e garantir uma boa posição para o sprint final.
Stefan Küng
Embora geralmente não seja listado entre os grandes favoritos das Clássicas, comparado a nomes como Pogačar e Van der Poel, Stefan Küng não deve ser descartado como um competidor que pode influenciar a E3 Saxo Classic. O ciclista da Groupama-FDJ ficou em terceiro na Dwars door Vlaanderen na última temporada, terminou quinto no Paris-Roubaix e já figurou entre os seis primeiros na E3 Saxo Classic e na Tour of Flanders em edições anteriores.
Mesmo sem ter um resultado de destaque nesta temporada, Küng se sobressai nos paralelepípedos, e a força coletiva da Groupama-FDJ, com possíveis ataques oportunistas de companheiros como Valentin Madouas e Lewis Askey – que já subiram ao pódio na Tour of Flanders em 2022 – pode jogar a seu favor. O desafio de enfrentar o UAE Team Emirates e a Visma é grande, mas a ausência de pressão por ser favorito pode ser uma vantagem estratégica para ele.
Outros Candidatos
Em uma E3 disputada de forma menos agressiva, finalizadores velozes podem ter a chance de reagrupar para um sprint decisivo em Harelbeke. Embora esse cenário seja improvável com um Pogačar sempre atacando, se a prova se reagrupar, Biniam Girmay é uma opção interessante para o Intermarché-Wanty – ele já venceu a Gent-Wevelgem e tem mostrado potencial nos paralelepípedos.
Da mesma forma, se Arnaud De Lie conseguir manter-se na corrida pelo Lotto, será difícil vencê-lo num sprint. Além disso, o seis vezes vencedor de etapas do Tour de France e duas vezes ex-campeão mundial, Julian Alaphilippe da Tudor Pro Cycling, também nunca pode ser descartado – ele adora uma corrida com ataques e mostrou resquícios de seu antigo desempenho ao terminar segundo na difícil clássica espanhola, Donostia San Sebastian Klasikoa.
Jhonatan Narváez, conhecido por seus ataques repetidos, surge como uma excelente opção reserva para o UAE Team Emirates, caso não seja exigido em suporte a Pogačar.
Previsão
Prevemos que Mathieu van der Poel conquiste a vitória na E3 Saxo Classic deste ano. Ele está em excelente forma para reagir aos ataques de Pogačar nas subidas e seu sprint final se mostra decisivo contra os adversários na reta final.
