Por que Paris-Roubaix 2025 Comprova que os Pneus de Bicicleta de Estrada Ainda Têm Muito a Evoluir
A tecnologia empregada nas bicicletas durante a Paris-Roubaix pode impactar diversos aspectos do ciclismo – eis os motivos.
A edição de 2025 de Paris-Roubaix ficará marcada na história. No percurso feminino, Pauline Ferrand-Prévot fez uma estreia histórica ao conquistar uma vitória surpreendente, enquanto na corrida masculina um duelo direto entre dois dos maiores talentos – Mathieu van der Poel e Tadej Pogačar – manteve a emoção em alta.
O drama sobre os paralelepípedos foi tão intenso quanto de costume, mas as máquinas empregadas também chamaram muita atenção.
A Influência da Tecnologia em um Percurso Exigente
Em um evento onde cada fração de segundo conta e o terreno severo impõe seus desafios, a tecnologia se torna protagonista. Paris-Roubaix não testa apenas a resistência dos ciclistas, mas também coloca à prova as bicicletas que os carregam.
No passado, vimos configurações ousadas sendo experimentadas para enfrentar o percurso – desde designs inovadores de quadros até componentes inusitados e soluções criativas para pneus. Contudo, com os avanços em materiais e nas tecnologias dos pneus, as bicicletas vêm se tornando mais confiáveis e menos extravagantes. Ainda assim, 2025 demonstrou que, especialmente no quesito pneus, há muito progresso a ser feito.
Inovações Observadas na Edição de 2025
Ao visitar os boxes e inspecionar as bicicletas de perto, notamos mudanças significativas. Elementos tradicionais – como pneus mais largos e fitas de guidão duplas – continuavam sendo empregados. Mas por trás dessas adaptações mais conservadoras, detalhes inovadores se destacaram.
Uma das inovações mais marcantes foi a adoção do sistema de pressão de pneus Gravaa pelas bicicletas Visma-Lease-a-Bike. Apesar de o sistema já estar em uso há algum tempo, sua eficácia foi reafirmada com a vitória no percurso feminino e também com conquistas no Gravel World Championships do ano anterior.
Outra tendência é o aumento progressivo do uso de pneus mais largos. Algumas equipes, inclusive a Intermarché, ultrapassaram os limites tradicionais, instalando pneus de 35mm em suas bicicletas. Embora essa mudança não seja revolucionária, ela indica claramente que a busca por maior conforto e aderência já se firmou no cenário competitivo.
Entretanto, a inovação que mais chamou atenção foi a técnica de colar os pneus tubeless às rodas. Em circunstâncias normais, os pneus sem câmara são projetados para se manter no lugar sem necessidade de adesivo, mas em Roubaix a Visma-Lease-a-Bike adotou a estratégia de fixá-los com cola.
Por quê? Os paralelepípedos extremamente irregulares podem, em certos momentos, desalojar os pneus tubeless, provocando a perda de pressão. Essa prática demonstra que, mesmo com as tecnologias mais avançadas, os pneus ainda não estão imunes aos desafios impostos por um percurso tão brutal.
Implicações para as Bicicletas do Futuro
Todos esses avanços convergem para uma mensagem central: a tecnologia dos pneus ainda tem muito espaço para evoluir (sem trocadilhos, prometo!).
A transição para pneus mais largos traz benefícios significativos em termos de conforto e aderência, porém gera novos desafios – principalmente no que diz respeito à folga disponível nos quadros das bicicletas. Enquanto equipes como a Intermarché demonstram a viabilidade dos pneus de 35mm, a necessidade de desenvolver quadros que os acomodem de maneira otimizada torna-se premente.
Embora muitos ciclistas possam optar por bicicletas de endurance, com maior espaço interno, o debate atual é direcionado à fabricação de modelos de corrida que já contemplem a possibilidade de utilizar pneus mais largos.
Nos últimos anos, tem sido observado um aumento no número de quadros e rodas projetados para suportar pneus de 28 ou 30mm. Essa abordagem mostra que, ao se pensar um design em torno de pneus mais largos, não só é possível manter a categoria “bicicleta de corrida”, como também otimizar a performance aerodinâmica.
Além disso, o uso do sistema de pressão de pneus Gravaa ressalta o quanto a tecnologia tem avançado em termos de controle e estratégia, permitindo ajustes em tempo real que podem fazer a diferença no resultado de uma prova.
Ainda assim, esse cenário evidencia que os desafios mecânicos ainda permeiam a competição. O método de colar pneus tubeless nas rodas (uma prática que não recomendamos experimentar em casa) é um exemplo concreto de que os setups das bicicletas ainda não atingiram uma perfeição total – deixando claro que mais otimizações e inovações são inevitáveis.
Futuramente, o aumento da adoção de pneus largos deve impulsionar também o desenvolvimento de rodas com maior largura interna, com as marcas intensificando pesquisas para garantir que essas novas configurações sejam, simultaneamente, seguras e rápidas.
Paris-Roubaix: Um Catalisador de Inovações para o Consumidor
A singularidade de Paris-Roubaix – onde os atletas mais rápidos, em suas máquinas de alta performance, enfrentam um percurso praticamente incompatível com as especificações convencionais – força a busca por soluções alternativas.
As inovações e ajustes observados a cada edição, seja na forma de sistemas inteligentes de pressão ou nas modificações estruturais dos quadros, eventualmente se infiltram no desenvolvimento de bicicletas para uso diário, promovendo maior confiabilidade, sistemas de pneus aprimorados e melhor conforto para o ciclista comum.
Enquanto os desafios mecânicos continuarem a existir nos paralelepípedos de Roubaix, podemos esperar que as inovações tecnológicas impulsionem nossas bicicletas, tornando-as progressivamente superiores – e isso, sem dúvida, é algo muito positivo.