A clássica belga Flèche Wallonne 2025 foi palco de duas corridas emocionantes nesta quarta-feira, com vitórias impressionantes de Tadej Pogacar na prova masculina e Puck Pieterse na feminina.
Ambos os ciclistas demonstraram força e inteligência tática para vencer no icônico Mur de Huy, uma das subidas mais desafiadoras do calendário ciclístico mundial.
Pogacar Domina com Ataque Devastador
O campeão mundial Tadej Pogacar (UAE Emirates-XRG) conquistou sua segunda vitória na Flèche Wallonne com um ataque impressionante nos últimos 400 metros da temida subida do Mur de Huy. O esloveno seguiu inicialmente o movimento de Ben Healy (EF Education-EasyPost) antes de disparar com uma aceleração sentado que nenhum adversário conseguiu acompanhar.
Pogacar, com o maillot arco-íris sujo de lama e chuva, cruzou a linha de chegada com os braços erguidos, vencendo com uma vantagem de 10 segundos sobre o francês Kévin Vauquelin (Arkéa–B&B Hotels), que ficou com o segundo lugar. O britânico Tom Pidcock (Q36.5) completou o pódio em terceiro, 12 segundos atrás do vencedor. Esta foi a maior margem de vitória na prova masculina desde 2003.
"É uma sensação realmente ótima vencer novamente aqui neste final difícil, nesta subida bonita", declarou Pogacar após a corrida. "Como ciclista, você não gosta muito dela. Hoje o clima também não foi o melhor, então foi uma corrida difícil, e conseguir a vitória significa muito."
A corrida de 205,1 km entre Ciney e Huy foi disputada sob chuva constante durante grande parte do percurso, tornando as estradas escorregadias e perigosas. Um grande acidente envolveu Mattias Skjelmose (Lidl-Trek), que caiu com força, mas conseguiu voltar à corrida.
A equipe UAE Emirates-XRG trabalhou perfeitamente para posicionar Pogacar para o ataque final. "Corremos muito bem como equipe hoje, seguimos o plano. Foi uma corrida difícil, e os rapazes estavam com pernas muito boas", acrescentou o esloveno, que já está pensando na próxima clássica: "Temos praticamente a mesma equipe para domingo, e acho que podemos fazer uma grande corrida novamente", referindo-se à Liège-Bastogne-Liège.
Tom Pidcock, que conquistou seu melhor resultado na Flèche Wallonne em cinco participações, admitiu ter sofrido com o frio durante a corrida.
"Estava com dificuldades no frio, e ainda estou com bastante frio, então posso ficar feliz com esse resultado", disse o britânico. Sobre o ataque de Pogacar, foi categórico: "Acho que se eu tivesse feito diferente, poderia ter ido um pouco mais rápido, mas Tadej estava em outro nível hoje."
Remco Evenepoel (Soudal Quick-Step), um dos favoritos, terminou em nono lugar, a 16 segundos do vencedor. O belga culpou o frio por seu desempenho abaixo do esperado: "Tirei meu casaco de chuva muito cedo. Isso me deixou com frio no final, e perdi energia."
Pieterse Supera Vollering na Prova Feminina
Na prova feminina, a jovem holandesa Puck Pieterse (Fenix-Deceuninck) conquistou sua primeira grande vitória em clássicas ao superar sua compatriota Demi Vollering (FDJ-SUEZ) nos metros finais do Mur de Huy. Com apenas 22 anos, Pieterse, ex-campeã mundial de ciclocross e mountain bike que fez a transição para a estrada em 2024, demonstrou um timing perfeito para seu ataque decisivo.
A corrida de 140,7 km também foi disputada sob chuva, com a ausência notável de Anna van der Breggen, sete vezes vencedora da prova, que não participou devido a uma doença. Juliette Labous liderou sua companheira de equipe Demi Vollering na subida final, mas Pieterse permaneceu atenta na roda da favorita.
"Demi recebeu um ótimo lançamento de Juliette e decidi ficar na roda e apenas esperar, esperar, esperar um pouco mais", explicou Pieterse. "Na metade do Mur, pensei: 'eles devem estar sofrendo muito', mas eu ainda me sentia bem. Eu sabia que só precisava esperar até cerca de 150 metros para fazer a próxima aceleração."
Quando a estrada se aplainou na reta final, Pieterse atacou com força e ultrapassou Vollering, vencendo com uma vantagem de 2 segundos. A italiana Elisa Longo Borghini (UAE Team ADQ) completou o pódio em terceiro lugar, 6 segundos atrás da vencedora, superando por pouco a polonesa Kasia Niewiadoma (Canyon-SRAM zondacrypto), vencedora da edição anterior.
"Levou tudo de mim, mas estou muito feliz por conseguir uma vitória aqui", disse Pieterse após a corrida. "Estávamos sempre no controle com a equipe, especialmente quando chegamos à volta local. Na bicicleta, pensei: 'Agora eu realmente preciso terminar bem, para retribuir a eles'. Estou super feliz por conseguir. Acho que fiz tudo certo nesta corrida."
A vitória marca apenas o segundo triunfo da carreira de Pieterse no ciclismo de estrada, após uma vitória de etapa no Tour de France Femmes do ano passado. A jovem holandesa tem impressionado em sua transição para o ciclismo de estrada, não terminando fora do top-10 em nenhuma corrida nesta temporada.
Próxima Parada: Liège-Bastogne-Liège
Tanto Pogacar quanto Pieterse, assim como seus principais rivais, agora voltam suas atenções para a última das clássicas das Ardenas, a monumental Liège-Bastogne-Liège, que será disputada no próximo domingo. Pogacar buscará sua terceira vitória consecutiva na "Decana", enquanto Pieterse tentará confirmar seu excelente momento após o triunfo na Flèche Wallonne.
A vitória na Flèche Wallonne dá a Tom Pidcock confiança para Liège, onde terminou em segundo lugar há dois anos:
"Sempre foi uma corrida que todos dizem que me serve bem, mas sempre tive dificuldades. Então, hoje é bom estar no pódio. Fiz um trabalho duro nas últimas semanas, e isso me dá confiança para a grande corrida de domingo."
Com as condições climáticas ainda incertas para o fim de semana, os fãs de ciclismo podem esperar mais uma batalha épica nas estradas belgas, encerrando com chave de ouro a temporada de clássicas da primavera.
