O ciclista holandês demonstrou enorme espírito esportivo ao enfrentar seu grande rival, Tadej Pogacar, cuja queda abriu o caminho para seu terceiro Paris-Roubaix consecutivo.
Pela terceira edição seguida, o imponente reconhecimento concedido ao campeão do Paris-Roubaix – o mesmo marco que simboliza sua grandeza – permaneceu em suas mãos, ileso pelas contusões típicas do Inferno do Norte, que Mathieu van der Poel transformou em seu próprio território.
Em um duelo eletrizante com Tadej Pogacar, Van der Poel saiu vitorioso, aproveitando a inesperada queda do esloveno, que lhe garantiu, no tradicional velódromo francês, o oitavo Monumento da carreira. Após Flandres, o “MVP” retomou o controle do seu confronto direto com Pogi.
“Foi uma corrida extremamente árdua – eu estava sofrendo demais. Pena que o Pogacar cometeu um erro numa curva. Depois, precisei dar tudo de mim, mesmo com muita distância até a chegada. Foi muito difícil, principalmente nos dois últimos trechos contra o vento. Passei momentos difíceis, mas fico feliz por ter cruzado a linha de chegada”, relatou Van der Poel na área mista, logo após erguer sua bicicleta na chegada do velódromo.
Com grande respeito e espírito esportivo, o piloto do Alpecin também explicou a queda que definiu a prova: “Ele mantinha uma velocidade altíssima e, ao que parece, errou no cálculo da curva. Eu consegui ser rápido o bastante para evitá-lo, mas, após isso, não sei o que aconteceu – ele tinha uma vantagem enorme, mas tive que correr com tudo. Faz parte das corridas.”
Para garantir a vitória, Van der Poel teve que superar até mesmo o lançamento de um garrafa por um espectador, o que ele criticou veementemente: “Não podemos deixar passar isso. Era uma garrafa de água cheia que me causou muita dor – se bater no nariz, pode quebrá-lo. Espero que a polícia identifique o responsável, pois serão tomadas medidas legais. Para mim, foi uma tentativa de homicídio. Se a UCI não agir, o nosso time o fará. Isso é bem diferente de alguém lançar uma cerveja.”
Por fim, o holandês elogiou a performance de Pogacar: “Após perder em Flandres para o Pogacar, não houve revanche. Estou satisfeito por ter recuperado minha forma. Mas todos sabemos o quão incrível é Tadej Pogacar como campeão; o que ele fez aqui, em sua primeira participação em Roubaix, não me surpreende – embora não seja algo comum.”
Van der Poel encerrou seu primeiro grande bloco na temporada com um saldo espetacular de quatro vitórias em seis corridas: Le Samyn, E3 Saxo Classic e dois Monumentos – Milão-San Remo e Paris-Roubaix. Ele só ficou aquém em Tirreno-Adriático (ficou em 2º em uma etapa) e no Tour de Flandres, onde alcançou o pódio (3º). Agora, é hora de um merecido descanso, preparando-se para o Tour de France com as melhores condições, aguardando a confirmação oficial do segundo bloco do calendário.
Pogacar: “Posso lutar por vitórias nos próximos anos”
Com a tensão dissipada e os batimentos cardíacos acalmados, Tadej Pogacar avaliou sua primeira experiência no Paris-Roubaix e tirou conclusões positivas: “Hoje foi uma grande prova para a nossa equipe. Tivemos dois corredores entre os cinco primeiros. No próximo ano, podemos voltar com uma equipe forte e motivada para lutar por vitórias nos anos que vêm. Quando se vai com tudo e se vê motos à frente sem desviar, dá a impressão de que a curva nem existe. Mas, de repente, elas param… Eu deveria ter percebido a aproximação da curva. Não há desculpas.”
Assumindo o erro pela queda e elogiando Van der Poel, o esloveno declarou: “Mathieu é um grande campeão e um dos melhores ciclistas do mundo. Competir com ele é uma enorme honra – se eu fosse criança, com certeza ele seria o meu ídolo. Correr contra ele é uma imensa motivação. Mais batalhas neste ano? Não precisamos ser gananciosos. Devemos aproveitar o que temos. Iremos a outras corridas e enfrentaremos novos adversários, o que também é empolgante. Eu simplesmente estava focado e curtindo a prova de hoje.”
Mesmo com a intensidade desta Paris-Roubaix, Pogacar mal terá tempo para refletir, pois já na próxima semana inicia sua jornada pelas Ardenas, na Amstel Gold Race.
