A holandesa Lorena Wiebes conquistou o título mundial de gravel na categoria elite feminina no Campeonato Mundial UCI de Gravel 2025, realizado em Limburg, Holanda. Em uma demonstração impressionante de força coletiva, a equipe holandesa dominou completamente a prova, ocupando quatro das cinco primeiras posições e sete dos dez primeiros lugares.
Sprint dramático nos últimos 500 metros
A vitória de Wiebes veio após um final eletrizante, onde o grupo perseguidor alcançou dramaticamente a líder solitária Shirin van Anrooij (também da Holanda) nos últimos 500 metros da corrida. Wiebes superou no sprint sua compatriota e atual campeã mundial Marianne Vos, que ficou com a medalha de prata. A italiana Silvia Persico completou o pódio em terceiro lugar.
O desfecho foi particularmente cruel para Van Anrooij, que havia atacado com 12 quilômetros para o final e manteve-se sozinha na frente até o último quilômetro, apenas para ser ultrapassada quando Wiebes e Vos lançaram o sprint decisivo.
Domínio laranja desde o início
A corrida foi uma demonstração completa do poderio holandês no ciclismo feminino. Com 14 ciclistas entre as 20 primeiras posições logo no início da prova, a equipe da casa controlou o ritmo e os movimentos importantes durante toda a competição.
O percurso de 131 quilômetros com 1.190 metros de altimetria acumulada, composto por aproximadamente 80% de trilhas e caminhos não pavimentados, não teve subidas longas, mas apresentou uma quantidade implacável de subidas curtas e íngremes pela região sul de Limburg.
As movimentações decisivas
O momento crucial da corrida aconteceu com cerca de 25 quilômetros para o final, quando Wiebes e Vos conseguiram se distanciar juntas do pelotão principal. Por um momento, parecia que as duas decidiriam o título entre si, mas o grupo perseguidor, composto majoritariamente por outras holandesas, conseguiu alcançá-las, formando um grupo de oito ciclistas na frente – seis delas usando o uniforme laranja da Holanda.
Foi deste grupo que Van Anrooij lançou seu ataque decisivo em um trecho de asfalto, abrindo rapidamente uma vantagem de 20 segundos. As táticas da equipe holandesa então entraram em jogo, com as companheiras de Van Anrooij recusando-se a puxar o grupo perseguidor, forçando a tcheca Julia Kopecký a fazer o trabalho pesado na perseguição.
A estratégia que quase deu certo
A tática holandesa parecia estar funcionando perfeitamente. Com 5 quilômetros para o final, Van Anrooij mantinha 15 segundos de vantagem, e o grupo perseguidor não conseguia reduzir significativamente a diferença. Kopecký, exausta pelo esforço solitário, acabou sendo descartada do grupo com 2 quilômetros restantes.
Foi então que Yara Kastelijn assumiu o comando do grupo perseguidor, começando a preparar o sprint – inicialmente apenas pelas medalhas de prata e bronze. Mas quando Vos e Wiebes lançaram seu sprint com força total, a velocidade foi demais para a cansada Van Anrooij, que foi ultrapassada à vista da linha de chegada.
Declarações das medalhistas
Lorena Wiebes (Campeã Mundial): “Eu sabia exatamente como era esta subida. Vos atacou várias vezes antes nas subidas, mas eu também sabia que nesta subida você precisa dosar um pouco, caso contrário você explode completamente. Empurrei até o fim e fiquei feliz de ainda estar lá com as outras.”
Sobre o ataque de Van Anrooij, Wiebes comentou: “Quando Shirin estava na frente, eu não tinha certeza se conseguiríamos alcançá-la. Mas felizmente, tive minha outra companheira de equipe, Julia Kopecký [da SD Worx-Protime], e ela fez uma corrida realmente forte.”
Marianne Vos (Medalha de Prata): “Estou realmente feliz. Claro, você sempre busca o máximo e tenta tirar o máximo proveito. Mas acho que hoje, o segundo lugar foi o meu máximo. Então estou muito feliz.”
Silvia Persico (Medalha de Bronze): “Acho que hoje elas não estavam correndo realmente como equipe nacional em geral, mas estavam correndo sozinhas e perseguindo umas às outras. Então, para mim, foi super bom, porque eu só precisava ficar na roda. Não sei qual era a tática, mas claro, elas estavam perseguindo umas às outras. Estou feliz e agradeço a elas.”
Resultados finais – Top 10
- Lorena Wiebes (Holanda) – Campeã Mundial
- Marianne Vos (Holanda)
- Silvia Persico (Itália)
- Yara Kastelijn (Holanda)
- Shirin van Anrooij (Holanda)
- Julia Kopecký (República Tcheca)
- Femke de Vries (Holanda)
- Mischa Bredewold (Holanda)
- Larissa Hartog (Holanda)
- Rosa Klöser (Alemanha)
O futuro do gravel feminino
A vitória de Wiebes marca seu primeiro título mundial no gravel, adicionando mais um capítulo impressionante à sua já ilustre carreira no ciclismo de estrada, onde é conhecida como uma das melhores velocistas do mundo. Para a Holanda, este resultado confirma sua posição como potência dominante no ciclismo feminino em todas as disciplinas.
O Campeonato Mundial de Gravel UCI continua a crescer em prestígio e importância no calendário internacional, e a corrida feminina de 2025 certamente entrará para a história como uma das mais emocionantes e táticas já disputadas na modalidade.
Para Van Anrooij, apesar da decepção de ver a vitória escapar nos metros finais, sua performance corajosa e o ataque solitário de 12 quilômetros demonstraram que ela tem todas as qualidades para ser uma futura campeã mundial. Aos 23 anos, ela ainda tem muitas oportunidades pela frente.

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Last modified: 21 de outubro de 2025